terça-feira, 28 de setembro de 2010

Concurso e Sarau

No sábado, 25 de setembro, o Colégio Mater Amabilis promoveu um sarau para premiar os vencedores do seu Concurso de Poesia. Diante de uma plateia formada por alunos, pais, professores e funcionários, os poemas inscritos no concurso e outros de Fernando Pessoa, Carlos Drummond e Mário de Andrade foram declamados por alunos e professores.
Aqui, com vosso perdão, peço licença para abandonar a objetividade e rasgar os manuais do bom jornalismo – que condenam o uso da primeira pessoa e o acúmulo de adjetivos. Justifico-me: seria insuficiente relatar o que aconteceu naquela manhã sem usar termos como “edificante”, “surpreendente”, “enriquecedor”, “emocionante”.
Foi muito prazeroso ver as vozes, os olhares, as feições, os gestos dos alunos dando vida à poesia calada nos livros. Tal qual o sopro do Criador sobre o barro inerte, cada verso soprado por aqueles jovens pulmões fez nascerem as palavras impressas e contaminou o auditório com vivífica poesia.
Ali vimos o ganhador do concurso, Bruno de Souza Ferreira, 3ºMO, declamar seu “Miserere Nobis”, após ter interpretado “Os Ombros Suportam o Mundo”, de Drummond, e “Metade”, de Oswaldo Montenegro, este último em companhia de Natália Fernanda Freitas, 3ºMO. Vimos Lucas Mapreliam, 3ºMO, segundo colocado, recitar “Amor, Quando se Revela”, de Fernando Pessoa, e pouco depois o seu amoroso “Mare Servus”. Saudamos a terceira colocada, Giordana Anelise Biagini, 3ºTC, por, apesar de sua ausência, ter-nos dado o seu “Ausência” (perdoai-me novamente... sabeis que não resisto a trocadilhos). Premiamos ainda o “Impávido Colosso”, de Juliana Frassei, 2º LV, e “Às Estrelas, esta Musa”, de Arthur Carvalho Santos, 2º LV, respectivamente os textos que ficaram em quarto e quinto colocados. E, na forma de estímulo e agradecimento aos demais poetas, fizemos menção honrosa aos outros três textos inscritos: “As Últimas sobre Você”, de Artenísio Teixeira Leite Jr., 3º MO, “Real Utopia”, de Erick Nunes Garcia, 3º TC, e Jorge Daniel Rebustine Filho, 2º DW – que aqui figuram sem ordem de classificação.
Foram também de incalculável riqueza as participações de alunos que não estavam inscritos no Concurso, mas que estiveram presentes no palco para declamar poemas e cantar uma canção. Deixo aqui meus mais sinceros agradecimentos a Marcela Dantas Alves, do 1ºCL, e aos alunos do 3ºMO, Tamiris Yuri Sakamoto, João Vitor Dantas Alves, Sergio Toshio Watanabe Jr., Beatriz Hadler Boggiani e Bianca Cristina Romão da Cunha – a estas duas últimas reservo ainda um “obrigado” especial, pela mobilização dos colegas e pela prestatividade que me serviram de estímulo quando temi uma solitária entrega de prêmios.
Não posso deixar de enaltecer a participação marcante do professor Carlos, cuja leitura de um soneto de sua própria lavra e de “Beijos Mortos”, de Martins Fontes, fixou entre nós paradigma de interpretação viva e equilibrada; emocionada e comedida.
Dentre tantos momentos ímpares, gostaria de ressaltar um que me pareceu o mais emocionalmente intenso do sarau: a apresentação musical promovida pelos alunos do terceiro ano. Logo após este vosso professor e sua dileta esposa Tati terem cantado “Como Nossos Pais”, de Belchior – canção de sabor amargo, que ressalta a inexorabilidade das obrigações práticas em detrimento dos sonhos juvenis–, os alunos entoaram “Por Enquanto”, de Renato Russo, e espalharam pelo anfiteatro versos como “Mesmo com tantos motivos/Pra deixar tudo como está/Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz/Estamos indo de volta pra casa”. Palavras que reverberaram nas lágrimas de muitos dos espectadores, já que os jovens formandos estavam ali cantando a decisão de quem regressa ao lar, após ter concluído uma etapa importante de sua vida...
Resta-nos esperar que esta escola também se tenha convertido em uma espécie de lar, para o qual, vez por outra, eles desejem voltar...

***

Para terminar este primeiro post, vão-se os derradeiros, e especialíssimos, agradecimentos:
Ao professor Evanir, força motriz deste projeto, que, com seu empenho pela educação e pela cultura, alavancou da inércia um anseio recôndito dos professores de Língua Portuguesa.
À Margaret e à D. Adélia, mulheres que demonstram ter na educação uma meta para suas vidas. Por meio das alegrias, decepções e preocupações que adivinho em seus olhares ou recolho em suas palavras, percebo o tamanho de seus sonhos. Obrigado por me permitirem sonhar junto!

Abraços carinhosos a todos!

Bechara