quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Avançado de cinema começa o ano com filmes sobre o Brasil

Caros companheiros de jornada,
A caravela, hoje, deixa o porto! E não é a glória de mandar, nem a vã cobiça que nos impulsiona o peito em direção aos perigos do mar; antes, é a sede de saber e o desejo de conviver que nos coloca neste barco!
Nossa primeira missão já está dada: vamos descobrir o Brasil!
O caminho a trilhar para atingir esse objetivo vai a seguir.
Abraços!
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Avançado de Cinema – Ensino Médio – Ciclo Brasil


CIDADE DE DEUS (2002)

Dia: 1 de fevereiro
Local: Anfiteatro
Horário: 15h

Baseado em histórias reais, esta adaptação do romance de Paulo Lins é uma saga urbana que acompanha o crescimento do conjunto habitacional de Cidade de Deus, entre o fim dos anos 60 e o começo dos anos 80, pelo olhar de dois jovens que moram na comunidade: Buscapé, que sonha se tornar fotógrafo, e Dadinho, que toma um rumo diferente.
Cidade de Deus se passa em um único cenário, talvez o verdadeiro protagonista do filme: o conjunto habitacional de Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro.
Dirigido por Fernando Meirelles, o filme recebeu quatro indicações para o Oscar, incluindo melhor diretor e melhor roteiro adaptado.

(Fonte: http://cidadededeus.globo.com/)




DOMÉSTICAS – O FILME (2001)

Dia: 8 de fevereiro
Local: Anfiteatro
Horário: 15h

No meio da nossa sociedade existe um Brasil notado por poucos. Um Brasil formado por pessoas que, apesar de morarem dentro de sua casa e fazerem parte de seu dia-a-dia, é como se não estivessem lá. Cinco das integrantes deste Brasil são mostradas em "Domésticas - O Filme": Cida, Roxane, Quitéria, Raimunda e Créo. Uma quer se casar; a outra é casada, mas sonha com um marido melhor. Uma sonha em ser artista de novela; outra acredita que tem por missão na Terra servir a Deus e à sua patroa. Elas têm sonhos distintos, mas vivem a mesma realidade: trabalhar como empregada doméstica.


(Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/domesticas/)


TERRA ESTRANGEIRA (1995)

Dia: 15 de fevereiro
Local: Anfiteatro
Horário: 15h

Em Terra Estrangeira vemos a história de Paco (Fernando Alves Pinto) e sua mãe (Laura Cardoso), que desejam conhecer a terra de seus antepassados. Sem dinheiro após o confisco promovido pelo então presidente Collor, Paco aceita levar um pacote misterioso a Portugal em troca do custeio da viagem. Após perder o pacote ele se encontra com Alex (Fernanda Torres), brasileira que trabalha como garçonete em Portugal e que vive com Miguel (Alexandre Borges), um músico-contrabandista viciado em heroína. Em fuga para a Espanha, Paco é perseguido por bandidos interessados no pacote.
Neste filme, os diretores Walter Salles e Daniela Thomas refletem sobre solidão e desenraizamento O caminho trilhado pelos personagens nos leva a fazer, de forma inversa, a rota dos portugueses que descobriram o Brasil.

(Fonte: http://www.comciencia.br/resenhas/terraest.htm e www.estadao.com.br)


CENTRAL DO BRASIL (1998)
Dia: 29 de fevereiro
Local: Anfiteatro
Horário: 15h

Dora (Fernanda Montenegro, indicada para o Oscar de melhor atriz por este filme) escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da população migrante, que tenta manter os laços com os parentes e o passado.
 Uma das clientes de Dora é Ana, que vem escrever uma carta com seu filho, Josué (Vinícius de Oliveira), um garoto de nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da estação, Ana é atropelada e Josué fica abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele. Termina por levar Josué para o interior do nordeste, à procura do pai.
À medida que vão entrando país adentro, estes dois personagens, tão diferentes, vão se aproximando... Começa então uma viagem fascinante ao coração do Brasil, à procura do pai desaparecido, e uma viagem profundamente emotiva ao coração de cada um dos personagens do filme. "Central do Brasil", dirigido por Walter Salles, ganhou o Urso de Ouro de melhor filme no 48º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Foi a primeira vez que um filme brasileiro recebeu o prêmio máximo do festival alemão, um dos mais conceituados da indústria cinematográfica.
(Fonte: http://www.centraldobrasil.com.br/fr_sin_p.htm)

8 comentários:

  1. Acho que podemos usar este espaço também para comentar cenas que nos tenham chamado atenção e que, durante as discussões, não tenhamos tido a oportunidade de falar.
    Do primeiro filme, "Cidade de Deus", queria retomar aquela discussão sobre a tomada de decisão em situações limite (atiro ou não atiro, tiro a foto ou não tiro, roubo ou não roubo, ser ou não ser...). Não sei o que vocês acham, mas imagino que o meirelles tenha colocado essa tópica logo no final daquela primeira sequência da galinha. Colocado entre os PMs e os caras "do movimento", com a galinha a pescocear, Buscapé tem de tomar uma decisão. Na posição de quem tenta pegar a galinha, faz-se um corte para o mesmo Buscapé como goleiro em uma cobrança de pênalti. E está aí metaforicamente posto o momento decisivo em que se escolhe um lado, seja para a realização da defesa consagradora, seja para tomar o gol da amarga derrota. O que acham?
    Outra cena interessante (e muito louca) é aquela em que se vê um peixe dentro de uma gota de água que escorre da folha... alguém chegou a alguma conclusão sobre ela?
    Abraços!

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  2. O início do filme, com o corte do Buscapé adulto para o mesmo criança, foi sensacional porque nos transportou para um outro mundo, aquele "mais organizado e ingênuo"( se for comparar aquela trupe bandida inicial com o Zé Pequeno e seus "amigos"). Uma cena que me marcou bastante foi aquela em que mostra Dadinho assassinando os clientes e funcionários no motel. Sempre vejo a criança como símbolo de pureza e ingenuidade. Por isso, quando vi a felicidade sádica do Dadinho em matar a sangue frio aquelas pessoas, fiquei aterrorizada. No filme de hoje, "Domesticas", Meirelles tentou mostrar a visão menos privilegiada, e esta é MUITAS vezes desconsiderada, ignorada. Para mim, uma das partes mais relevantes foi aquela que o Gilvain (não me lembro direito o nome dele) se indigna ao extremo com o desprezo das pessoas de classe mais "endinheirada". Este personagem não queria entrar no mundo do crime, mas como seguir a legalidade se a própria sociedade o trata como lixo?

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  3. Putz! Não diga que esqueceu o nome dele, não!! Seu carro pode estar em perigo! hehe
    Achei interessante sua leitura do Zé Pequeno criança e a noção da ingenuidade. No meu comentário, acabei enfatizando a discussão sobre a tomada de decisão, porque é um tema que me agrada e o vi em diversos momentos do filme. Mas, lendo seu post, me ocorreu que o zé pequeno não passa por um daqueles momentos decisivos. Parece mesmo que ele é mau por natureza, desde a infância. De certa forma, o filme nos faz pensar nesta que é uma das perguntas mais difíceis de se responder: o indivíduo nasce mau ou se torna mau? Ou será que as duas possibilidades são válidas?

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  4. Hahahaha, agora eu percebi como foi irônico o meu esquecimento do nome do Gilvan.
    Na minha opinião, eu acho as duas teses ( de o homem nascer mau ou se tornar um) são válidas. Entretanto, eu acredito que a tese de o homem se tornar mau seja mais forte. Não sou determinista, mas acredito que o meio em que o ser vive e o modo como educam, o influencia, e muito. Dadinho estava no meio daqueles bandidos, e ele os idolatravam. Não me lembro de uma cena em que um adulto o repreendia, e isso deu a ele o "passe livre", aumentando a sede de poder.Acredito eu que, por crescer neste meio tão violento e com grande liberdade, foi a causa de ele não ter aqueles momentos decisivos. Matar se tornou algo extremamente rotineiro e satifatorio para ele.
    Aquele personagem interpretado pelo Seu Jorge é um claro exemplo que "a sociedade corrompeu". Antes um homem bonitão e corretp, cheio de sonhos e com uma namorada cobiçada. Mas após toda aquela violência, o sentimento de vingança foisuficiente para ele entrar no crime, e ser tornar um dos melhores. Ele não nasceu mau, se tornou um. O irônico de sua história é que ele foi assassinado por um jovem que tinha o mesmo sentimento que ele, vingança. Meio que ele provou seu próprio "veneno".
    No inico, quando disse que as duas teses são válidas, pensei em Buscapé. Se o meio fosse determinante para a formação de personalidade, ele já estaria no mundo do crime. Talvez pelo conselho do irmão, e o assassinato do mesmo, o tenha afastado da ilegalidade. Uma cena bem interessante foi aquela da praia, onde estava Buscapé e seus amigos. Foi um momento de calma e distância a todo aquele ambiente turbulento, que é Cidade de Deus. Esses momentos "humanos" podem ter impedido de Buscape ser mais um bandido. Lembrando que quando Zé Pequeno tentou ser mais "humano", procurando uma namorada, acabou matando seu melhor amigo.

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  5. Muito bom seu comentário! Todo ele! Em especial, gostei da tese do "vazio moral". Em certos contextos, a ausência de estímulos edificantes pode representar um estímulo à degradação. Nessa visão, o homem não é naturalmente o lobo do homem, mas torna-se lobo quando privado de certas relações humanas importantes no processo de socialização. Concordo com você. No ciclo "Loucura", discutimos alguns casos de desvios de comportamento gerados por problemas desse tipo. E creio que o desprezo pela vida humana demonstrado por Zé Pequeno seja mesmo um tipo de loucura, não é verdade?

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  6. Como prometido, posto aqui o meu poema preferido do Drummond, o qual me ocorreu durante a discussão do filme "Terra Estrangeira" . Segue a opção de ouvir "Mundo Grande" na voz do autor, que a propósito é ainda mais interessante que apenas ler o poema. Deliciem-se :)


    Mundo grande
    Não, meu coração não é maior que o mundo.
    É muito menor.
    Nele não cabem nem as minhas dores.
    Por isso gosto tanto de me contar.
    Por isso me dispo,
    por isso me grito,
    por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
    preciso de todos.

    Sim, meu coração é muito pequeno.
    Só agora vejo que nele não cabem os homens.
    Os homens estão cá fora, estão na rua.
    A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
    Mas também a rua não cabe todos os homens.
    A rua é menor que o mundo.
    O mundo é grande.

    Tu sabes como é grande o mundo.
    Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
    Viste as diferentes cores dos homens,
    as diferentes dores dos homens,
    sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
    num só peito de homem... sem que ele estale.

    Fecha os olhos e esquece.
    Escuta a água nos vidros,
    tão calma, não anuncia nada.
    Entretanto escorre nas mãos,
    tão calma! Vai inundando tudo...
    Renascerão as cidades submersas?
    Os homens submersos – voltarão?

    Meu coração não sabe.
    Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
    Só agora descubro
    como é triste ignorar certas coisas.
    (Na solidão de indivíduo
    desaprendi a linguagem
    com que homens se comunicam.)

    Outrora escutei os anjos,
    as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
    Nunca escutei voz de gente.
    Em verdade sou muito pobre.

    Outrora viajei
    países imaginários, fáceis de habitar,
    ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

    Meus amigos foram às ilhas.
    Ilhas perdem o homem.
    Entretanto alguns se salvaram e
    trouxeram a notícia
    de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
    entre o fogo e o amor.

    Então, meu coração também pode crescer.
    Entre o amor e o fogo,
    entre a vida e o fogo,
    meu coração cresce dez metros e explode.
    – Ó vida futura! Nós te criaremos.

    Carlos Drummond de Andrade

    http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema020.htm

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  7. Sensacional esse poema do Drummond!
    E ele aborda diversos tópicos que comentamos ao longo dos três filmes vistos até agora! O eu menor que o mundo, a viagem de aprendizado, as escolhas que fazemos, a relação do homem com a realidade imediata que o cerca, até o navio que carregara riquezas e que, no Terra Estrangeira, estava encalhado em uma curva de praia...
    Mas o que achei mais legal é que o poema me fez perceber que começamos o ciclo planejando descobrir o Brasil, mas em muitos momentos acabamos descobrindo a nós mesmos, brasileiros...
    Estúpido, ridículo e frágil é meu coração. Mas ele pode crescer,entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo!
    Ó Brasil futuro! Nós te criaremos com jovens cheios de inteligência e sensibilidade!
    Muitíssimo agradecidíssimo por esta poética contribuição, dona Bruna!

    Ps. Agradeço também... ou melhor... nossos carros agradecem efusivamente a correção do nome do Sr. Gilvã! hehe
    he

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