segunda-feira, 4 de outubro de 2010

1º colocado: Bruno de Souza Ferreira, sob o pseudônimo de Paulo de Tarso

Miserere nobis

Ah, oceano de solidão e angústia,
Rendi-me às suas ondas, que me arrastaram ao infinito
Suas turvas águas azuis me submergiram
Sufocaram meus sonhos e sucumbiram minha vida

Ah, traiçoeira e perigosa areia movediça,
Cada grão seu é um pedaço da minha tristeza
Atrevi-me a enterrar os pés, e me engoliu,
Me perdi do norte, e encontrei a ira

Ah, poço de trevas e depressões,
Em seu fundo deu-me raízes,
Com aflições me cultivou, e de opressões me abundou
Rendi-me e aliei-me ao vencedor: a morte

Como um relâmpago e sob o alarido da trombeta
Fez o oceano de solidão diluir-se em Seu sangue
Fez a maldita areia encobrir-Lhe a planta dos pés
Fez o poço de trevas encher-se da Sua glória

Aquele que estendeu os céus e fundou a terra
Como ovelha muda foi levado ao matadouro
Pela transgressão do seu povo foi Ele ferido
Tomando sobre si todas iniquidades, trouxe o perdão

Todavia, ao Senhor agradou o moê-lo
Pois Sua alma cedeu por expiação do pecado
Pelas Suas pisaduras fomos sarados
Concedeu-nos o milagre da salvação

Ainda assim, multiplicou-se a iniqüidade
Ingratidão de um povo indigno da misericórdia
Rasgou-se o véu, as comportas se abriram.
Maldito sois, ó ignorantes! Condenado sois!

Amor maior que este haveria de existir?
Mesmo sabendo da mediocridade humana
Insistiu em morrer por uma manada de hipócritas
Miserere nobis, qui tollis peccata mundi!

Um comentário:

  1. Ah, eu posso até ter escrito sobre o amor, todavia não há maior do que o amor descrito por você Brunão!

    Parabéns, linda poesia!

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