sábado, 27 de novembro de 2010

Começo, meio ou fim?

Estamos nós aqui de novo em mais um final de ano... Um ano mais velhos; com mais um tanto de boas experiências e perrengues na bagagem; ao término de mais um ano letivo e, pra muitos de nós dê agás, ao fim de um ciclo, o do Ensino Básico.
E não se trata apenas uma formalidade escolar, é, antes de tudo, parte de um rito de passagem, muitos estão ingressando plenamente no mundo dos adultos. E agora: saudades do que passou? Medo do porvir? Ansiedade? Insegurança? Esperança? Tudo isso misturado? Ai, ai...
Influenciados pela despedida do terceirão, decidimos abrir espaço por aqui para aqueles que, por ventura, queiram expressar suas sensações, sentimentos ou um balanço desse ciclo: o que foi muito bom, o que foi insuportável, o que poderia ter sido melhor, o saldo disso tudo... Sabemos que o tema é mais urgente para os formandos 2010, mas qualquer humano de plantão será lido com interesse. Gostaríamos de acompanhar um papo franco (debate, talvez); claro que respeitando os limites de nossas individualidades. Boas recordações, congratulações, manifestações de amizade e carinho serão tão bem vindas quantos críticas respeitosas e bem construídas.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O que faz você feliz?

Olá Bonitões, olá bonitonas!
Tô chegando por aqui só agora, meio atrasado, né? Mas vamos agitar um pouco o nosso Demasiado Humanas, vulgo dê agá.
A partir de uma sugestão da Bianquinha, trago de saída, um tema essencialmente caro a nós humanos: felicidade!

Tema inesgotável e inquietante, explorado desde os nossos primeiros antepassados pensantes. Nos divãs dos psicanalistas, nos colóquios filosóficos, nas mesas de botequim, nas peças publicitárias, junto ao nosso fiel travesseiro... volta e meia vem a danada... aquela pergunta que não quer calar: Afinal, o que é felicidade? Ou suas variantes: onde encontro minha felicidade? Sou um cara feliz? Existe felicidade definitiva? E por ai vai...
Ou para você a felicidade é algo óbvio e universal e tais indagações são vãs? Gostaria de ouvi-los um pouco sobre isso. Que tal expor suas impressões, suas convicções, suas inquietações? Depois eu volto pra jogar um pouco mais de tempero no debate.
Bem, sem mais delongas: O que faz você feliz?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ainda a Barca

Puxa! Li novamente os comentários do último post e pelo visto fez sucesso a proposta de mandar uma galera para os infernos, hein! Até se empolgaram um pouco (e lembrem-se de que eu acho absurdo alguém se empolgar com arte e política)!
Gostei da ideia do dono de ONG, imaginei o vocabulário da criança hi-tech e até gastei um tempo imaginando o diálogo de Marx com o Anjo...

Entra Marx carregando os quatro volumes de O Capital

Marx:
Eu pensei ter desvendado
toda a nossa humana história
ao ter me pronunciado
sobre o tal embate eterno
entre a classe que usa terno
e a outra de mãos calosas.
Mas vejo que me enganei,
pois hoje, aqui no Além,
vejo a barca do cornudo
e a asa do santo anjo
a provar que em meu estudo
e em meu saber, que amo tanto,
houve gravíssimo  engano:
o Deus que a tudo governa
neguei, julguei inventado.
Assumo que estava errado!
Vou-me ao batel do inferno!

Anjo:
Não vás assim tão depressa,
pois tua sede de justiça
e o zelo pelos pequenos
fazem de ti passageiro
não da barca da carniça
mas desta que ao céu se passa!
O erro que cometeste,
quando de ópio me alcunhaste,
era em verdade o desejo
de ver o humano liberto
desse cabresto sobejo
que é  religião de interesse,
em que o templo dos espertos
só vive de contar dízimo
e enganar bondosa messe.
Vem, Marx, entra aqui comigo!
Vem conhecer o teu Pai.
Foi Ele quem inventou
tudo o que tu descobriste!
Foi Ele quem te inspirou
muito do que escreveste!
Pois queria Ele contigo
alertar o povo amigo
do mandamento primaz
de amarmo-nos como iguais!
***

Enfim, os textos de vocês me fizeram pensar! Obrigado!
O único defeito que percebi nos comentários creio que tenha sido motivado por mim...
 Explico-me: hoje li um texto na CartaCapital sobre a vida de Romeu Tuma. Lá não estava o torturador sanguinário; mas, sim, uma espécie de Schindler tupiniquim... exagero da revista ou não, trata-se de uma face pouco conhecida do político brasileiro. Isso me fez perceber que, ao colocarmos pessoas reais na Barca do Inferno, talvez tenhamos realizado um julgamento imperfeito, pois não temos total conhecimento da matéria e não garantimos o direito de defesa ao acusado.  Lembrei-me também da passagem bíblica (Mateus 7, 2) que diz: “Com o juízo com que julgardes, vós também sereis julgado”. Por se tratar da Carta Magna a ser usada pelo Juiz das barcas, achei melhor mudar minha postura. Então vamos lá:
Geisy, desde já peço desculpas por meu julgamento precipitado!
***
Em tempo: Agradeço pela atenção, senhores e senhoritas! Completamos o primeiro mês deste blog com cerca de 520 acessos! Se Brás Cubas imaginou ter cinco ou dez leitores para as suas memórias, minhas expectativas eram ainda inferiores, considerando que o autor deste texto (ainda) está vivo. Com este número de acessos, provamos que há mais almas sensíveis do que o pensamento burguês pode supor!
Abraços!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Auto da Barca Revisited

Caríssimos,
Amanhã, quarta-feira, 27 de outubro, iniciaremos o ciclo de palestras sobre os livros de leitura obrigatória da Fuvest/Unicamp. Começaremos com o mais antigo deles: O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente.
Como todos sabem (ou já deveriam saber...) o texto vicentino faz uma crítica a relevantes tipos de pessoa que habitavam a sociedade portuguesa no século XVI.
Eu estava aqui pensando no livro, quando me ocorreu cogitar quem seriam os passageiros de uma barca do inferno contemporânea.
Posso imaginar aqui a figura de uma moça, talvez de nome Geisy, estudante universitária que durante a vida fizera de tudo para obter fama e riqueza?
Ou, quem sabe, uma aluna de ensino médio tão vaidosa que, diante do grandioso espetáculo do saber promovido por seus professores, só tinha olhos para o seu espelhinho a refletir a própria aparência?
Ou um outro estudante, excelente, conhecedor dos mistérios do céu e da terra, louvado por seus raciocínios e palavras, mas que, por conta de sua arrogância e prepotência, desprezara aqueles a quem poderia ter ajudado e se distanciara daqueles com quem poderia ter aprendido a ser mais humano.
Não seria justo, certamente, prescindir de um personagem professor. Um professor que, apesar do discurso a favor da razão e da sensibilidade artística, mostrava-se como um garoto bobo ao fazer troça sobre os torcedores de determinado time de futebol, só porque o glorioso Corinthians ganhara por um a zero o clássico do final de semana.
...
 Poderíamos criar uma infinidade de novos personagens! Quais seriam condenados? Quais seriam salvos? (Eu tenho simpatia especial pelo personagem professor...)

Gostaria que vocês escrevessem sugestões de personagens e de diálogos com os barqueiros!
Embora eu tenha receio de que alguns comentários se tornem demasiadamente violentos - e aquilo que é para ser edificante e fértil se torne estéril e destrutivo -, prefiro correr o risco e incentivar a criação de algo interessante!

Fica desde já avisado que, se os comentários se encaminharem para a agressão pessoal, eu retiro todo o post.
Para evitar que isso aconteça, procure basear seu texto em tipos não restritos ao Mater. Outra alternativa é focar nos vícios morais, e não em uma pessoa que os manifeste. Você pode até se inspirar em uma pessoa específica, mas deve retirar dela os traços particularizadores que permitam identificar seu personagem exclusivamente como esta ou aquela pessoa.

Vamos ver no que isso dá...
À barca, à barca, houlá!
que temos gentil maré!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aborto?

Após uma primeira semana de posts leves e agradáveis, comecemos aqui o trabalho de lidar com a divergência. Debatamos, pois, o aborto, tema que ganhou destaque nos grandes meios de comunicação por conta de seu apelo eleitoral.
Para começo de conversa, sugiro duas leituras: uma reportagem da Folha (FSP) de junho de 2007 (http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u307057.shtml) e a coluna de hoje de Luiz Felipe Pondé na FSP (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1110201016.htm).
Ressalto aqui alguns trechos dos dois textos.
Reportagem de 06/07:
"O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou nesta segunda-feira que, para cada três bebês nascidos vivos no Brasil, ocorre um aborto induzido. Segundo ele, uma pesquisa da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) revelou que, em 2005, ocorreu 1,04 milhão de abortos clandestinos no país.
De acordo com o ministro, cerca de 220 mil mulheres realizam curetagens em decorrência de abortos no SUS (Sistema Único de Saúde), anualmente. "Se considerarmos que o aborto é um crime, todos os dias, 780 mulheres teriam que ser presas, sem contar seus médicos e, eventualmente, seus companheiros", afirmou Temporão"
"Para o ministro, o feto tem direito à proteção jurídica a partir da 12ª semana de gestação, quando começa a formação do sistema nervoso central. 'Antes, não há consciência nem dor". Segundo o ministro, a aceitação da descriminalização do aborto é um "processo de amadurecimento da sociedade'."
Pondé:
"Não preciso de argumentos teológicos para ser contra o aborto. Sou contra o aborto porque acho que o feto é uma criança. A prova de que meu argumento é sólido é que os que são a favor do aborto trabalham duro para desumanizar o feto humano e fazer com que não o vejamos como bebês. E não quero uma definição "científica" do início da vida porque, assim que a tivermos, compraremos cremes antirrugas 'babyskin' com cartão Visa."
"E não me venham com 'questão de saúde pública'. Esgoto é questão de saúde pública. A defesa do aborto nessas bases é apenas porque o aborto legal é mais barato. Resumindo: 'Safe sex, cheap babies'. E não me digam que o feto 'é da mulher'. O feto 'é dele mesmo'. E não me digam que 'todo o mundo avançado já legalizou o aborto', porque esse argumento só serve para quem 'ama a moda' e teme a solidão.
Não pretendo desqualificar a angústia de quem vive esse drama. Longe de mim! Mas em vez de gastarmos tanta 'energia social' na defesa do aborto, por que não usarmos essa energia para recebermos essas crianças indesejadas?"
"Sou contra a legalização do aborto porque o considero um homicídio. Muita gente não entende essa implicação lógica quando supõe que seriam razoáveis argumentos como: 'A legalização do aborto permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz'.
Agora, substitua a palavra 'aborto' pela palavra 'homicídio', como fica o argumento? Fica assim: 'A legalização do homicídio permite a escolha livre. Se sou contra, não faço. Se minha vizinha for a favor, ela faz'."

Agora, é hora de ouvir o que vocês têm a dizer. Sugerem outras leituras? Há outros enfoques importantes?
Lembrem-se de que aqui pretendemos uma discussão civilizada. Devemos, portanto, respeitar as opiniões com as quais não concordamos. Isso não quer dizer que devamos simplesmente aceitá-las; quer dizer, sim, que precisamos de argumentos para sustentar nossa visão e para esclarecer o motivo do descrédito na tese alheia.

Mãos à obra! Vejamos aonde nos leva este exercício do pensar!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Premiados!

Caros, nos posts a seguir estão os poemas que participaram de nosso concurso.
A premiação foi a seguinte:
1º Prêmio: Obra completa de Álvaro de Campos, de Fernando Pessoa; Várias Histórias, de Machado de Assis; DVD de Tom Jobim; pacote de trufas.
2º Prêmio: Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade; DVD de Tom Jobim; pacote de trufas.
3º Prêmio: Melhores Poemas de Paulo Leminski; CD Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges; pacote de trufas.
4º Prêmio: Poemas escolhidos de Manuel Bandeira; pacote de trufas.
5º Prêmio: Antologia poética de Vinícius de Moraes; pacote de trufas.

Parabéns a todos! Vocês tornaram nosso trabalho mais feliz!

Mas sabem o que poderia alegrar ainda mais os nossos corações? Se vocês, leitores do blog, fizessem, nos comentários de cada post, as análises literárias das obras de seus colegas!
Podemos esperar por isso?

E não deixem de ler o primeiro post do blog, em que escrevi um pouco sobre o sarau que antecedeu a premiação!
Abraços!

1º colocado: Bruno de Souza Ferreira, sob o pseudônimo de Paulo de Tarso

Miserere nobis

Ah, oceano de solidão e angústia,
Rendi-me às suas ondas, que me arrastaram ao infinito
Suas turvas águas azuis me submergiram
Sufocaram meus sonhos e sucumbiram minha vida

Ah, traiçoeira e perigosa areia movediça,
Cada grão seu é um pedaço da minha tristeza
Atrevi-me a enterrar os pés, e me engoliu,
Me perdi do norte, e encontrei a ira

Ah, poço de trevas e depressões,
Em seu fundo deu-me raízes,
Com aflições me cultivou, e de opressões me abundou
Rendi-me e aliei-me ao vencedor: a morte

Como um relâmpago e sob o alarido da trombeta
Fez o oceano de solidão diluir-se em Seu sangue
Fez a maldita areia encobrir-Lhe a planta dos pés
Fez o poço de trevas encher-se da Sua glória

Aquele que estendeu os céus e fundou a terra
Como ovelha muda foi levado ao matadouro
Pela transgressão do seu povo foi Ele ferido
Tomando sobre si todas iniquidades, trouxe o perdão

Todavia, ao Senhor agradou o moê-lo
Pois Sua alma cedeu por expiação do pecado
Pelas Suas pisaduras fomos sarados
Concedeu-nos o milagre da salvação

Ainda assim, multiplicou-se a iniqüidade
Ingratidão de um povo indigno da misericórdia
Rasgou-se o véu, as comportas se abriram.
Maldito sois, ó ignorantes! Condenado sois!

Amor maior que este haveria de existir?
Mesmo sabendo da mediocridade humana
Insistiu em morrer por uma manada de hipócritas
Miserere nobis, qui tollis peccata mundi!

2º colocado: Lucas Maprelian, sob o pseudônimo de Edimion

“Mare Servus"

Lembra-se dos tristes dias
Quando as nuvens se punham a chorar
O Sol escondia sua ufania
E as estrelas pareciam não brilhar
Nada havia senão a aflição
De um mar sem ostentação

O céu, então, movido em comoção
Lançar-se às águas fez,
Sob o som do raio e do trovão,
A semente de seu prazer
E fez no mar o amor desabrochar:
Meu coração voltara a pulsar

Doravante fez-se a lua como fruto
Lua esta que cintilava um azul olhar
Que os pássaros fazia dançar com seu canto
E com os negros cabelos, a noite se encantar
O mar servo se tornou
E a ela a vida entregou.

Elizabeth a chamei, e domou meus sentimentos
E ditou a maré de minh'alma
Fez das manhãs choros e tormentos
Mas das noites, a terna e doce calma
Quando nova se tornava, ao mar me esmorecia
Mas, quando cheia retomava, me enchia de alegria

Pelo mar nunca dantes navegado
Vontades e emoções se puseram a velejar
Em tumbeiros, o negro escravizado,
Conquistado e ávido em se libertar
Nas naus, o lusitano bravo povo
Soprado em pretensão, mas sem um claro objetivo

Abandonar o navio!
Eclodiu subitamente a angústia no peito
E no mar Leviatã emergiu
Fazendo sucumbir o júbilo e o alento
E reinar absolutas, agonia e tribulação
Tentei fugir, mas a maré conteve meu coração

Ah Zeus dos desgraçados, por que me desamparaste?
Tão perto poste a lua eterna
Mas apenas contemplá-la me fizeste
Sempre mansa e serena
Com alva pele me encandeia
Despertando em mim o desejo e o canto da sereia

Até que enfim a onda se passou
E consigo levou a esperança
O sonho acabou
Resta apenas a lembrança
E a espera de que em mim novamente desague o Tejo
Criando um dia novo impulso, um simples lampejo.

3ª colocada: Giordana Anelise Biagini, sob o pseudônimo de Laura Parnassus

Ausência.

A xícara sempre vazia.
O relógio ladrava as horas
Como se ele não soubesse
Que a cada abraço um pouco mais da vida se esvai...

Olhava à sua volta e pedia
Os mesmos dentes que mastigaram seu desejo,
Sua fuga.

A porta estava aberta
Mas não ventava. Monotonia.
A cadeira afastada da mesa
Relembrava o gosto de ingratidão na louça suja.

As paredes, já manchadas de outros amores,
Regiam a voz
Que ainda ecoava pelos cantos da cozinha:
- Acalma-te! Outras cinturas têm mais paixão.

O tempo engole todo amor.
Com o colapso de um começo,
Começa a ascendência de um novo colapso.
Assim, sorriu.

4ª colocada: Julliana Frassei

Impávido Colosso

Ó Pátria Brasil,...
Que rumo tomaste, que escolhas fizeste,
Onde foi que escondeste teu futuro varonil?

Tuas matas já não têm mais flores;
De teus bosques foi tirada a vida,
De teu seio, os amores.

Teus filhos sofrem com a desigualdade e,
Coagidos pela violência,
Clamam pela d’outrora liberdade

Tua nação vaga errante...
Perante uma miríade de corrupção e injustiça,
Calou-se do povo heróico o brado retumbante.

Contudo logro, de forma gentil,
Ver um dia recomposta
Minha amada pátria Brasil.

5º colocado: Artur Carvalho Santos, sob o pseudônimo de Ícaro

Às estrelas, esta musa

Na mais argêntea, imanente noite
Encontro-te, recúbita, dama
Rutilante, uma relíquia emana
Olhar que remete ao transcendente.

Júbilo súbito me esvanece
Umbrátil sentimento inocula
Languidez de meu corpo usurpa
Linda; meu pensamento fenece.

Inefável amor me envolve
Atraente, sempre sorridente
Néctar, paixão efervescente
Arrebata, e a mente dissolve.

Musa, amar-te-ei incessantemente
Teu amor marcou o meu reminiscente
Desde deleitoso olhar
Sonharei, às estrelas, voar.

Poema de Erick Nunes Garcia, sob o pseudônimo de Entediado

Real Utopia

Eu tenho e sempre tive um grande sonho
Acabará sonho esse logo mais
Neste sonho que agora me proponho
Era utopia até tu resgatais.

Neste poeta tu me transformaste
Através de um sorriso cativante
Que naquele ambiente deu contraste
Às sombras do meu inferno de Dante.

Se a estrofe quarteto não formar,
Se meu verso perder sua métrica,
E se minha rima fraca ficar...

...eu me lembrarei do sorriso teu
E aurora nascerá mais uma vez,
Viverá crepúsculo que morreu,
E brilhará meu Sol que se refez!

Poema de Artenísio Teixeira Leite Júnior, sob o pseudônimo de Gary Oldman

AS ÚLTIMAS SOBRE VOCÊ

Você nunca foi de sorrir
Você nunca foi de me olhar
E o seu jeito de cair
Eu nunca fui de suportar
Começo até a bocejar

Você nunca foi de perder
Você nunca foi de me aceitar
E o seu dia de sofrer
Eu já não posso esperar
Me ponho mesmo a bocejar

Você nunca foi de se conter
Nem nunca foi de respeitar
Minha ferida até morrer
De todo sempre magoar
Aqui vou eu, a bocejar!

Você nunca foi de construir
Mas sempre foi de derrubar
A minha alma pra ferir
Meu coração para matar
E sou capaz de bocejar

Você nunca foi de perceber
Mas sempre foi de perguntar
Eu nunca fui de responder
Para ficar com o que achar
Eu já começo a bocejar

Você nunca foi de estar por baixo
Mas sempre foi de rebaixar
Na sua vida não me encaixo
E não espero me encaixar
E eu já estou pra bocejar

Você nunca foi de me cuspir
Mas chegou isso a pensar
Eu não me importo se sumir
Mas não me pense em voltar
Pois eu preciso bocejar

Você não vai mais me humilhar
Pois eu, por bem, não vou te ver
Graças a Deus, vai definhar
E é só daqui até morrer
é daqui para morrer

Talvez não queira mais dormir
Parei até de bocejar
Você nunca foi de me sentir
E eu nunca fui de te amar
E já voltei a bocejar

Poema de Jorge Daniel Rebustine Filho, sob o pseudônimo de Luka Magalhões

A viagem

Fui de São Paulo a São Carlos
Visitei o museu da aviação
Fui de avião de São Paulo ao nosso coração
O nosso coração do folclórico Parintins
Que é festejado com grande emoção.
Da Amazônia a Cuiabá
Cuiabá com um verde de encantar,
E além do mais, foi pioneira do ouro que veio a despontar
De Cuiabá ao Ceará
Com suas lindas praias a se destacar e sempre a brilhar.
Tive de tornar ao Rio Grande do Sul
Este palco da mais longa guerra civil do Brasil.
Aproveitei e fui a Santa Catarina, e passei por Florianópolis,
Cidade esta que homenageia Floriano Peixoto
Estou a caminho de Minas Gerais
Conhecida por suas cidades históricas
Foi também palco da Inconfidência Mineira, Revolução de 30
Golpe militar de 1964 e das Diretas Já.
Aproveitei para visitar a “Paris brasileira”,
A mesma que já foi capital do Brasil.
O nosso país conta com muitas histórias e possui diversas beldades,
Beldades estas que nos alegram, e nos fazem possuir orgulho de nossa terra.
Este é o Brasil.

Luka Magalhões

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Concurso e Sarau

No sábado, 25 de setembro, o Colégio Mater Amabilis promoveu um sarau para premiar os vencedores do seu Concurso de Poesia. Diante de uma plateia formada por alunos, pais, professores e funcionários, os poemas inscritos no concurso e outros de Fernando Pessoa, Carlos Drummond e Mário de Andrade foram declamados por alunos e professores.
Aqui, com vosso perdão, peço licença para abandonar a objetividade e rasgar os manuais do bom jornalismo – que condenam o uso da primeira pessoa e o acúmulo de adjetivos. Justifico-me: seria insuficiente relatar o que aconteceu naquela manhã sem usar termos como “edificante”, “surpreendente”, “enriquecedor”, “emocionante”.
Foi muito prazeroso ver as vozes, os olhares, as feições, os gestos dos alunos dando vida à poesia calada nos livros. Tal qual o sopro do Criador sobre o barro inerte, cada verso soprado por aqueles jovens pulmões fez nascerem as palavras impressas e contaminou o auditório com vivífica poesia.
Ali vimos o ganhador do concurso, Bruno de Souza Ferreira, 3ºMO, declamar seu “Miserere Nobis”, após ter interpretado “Os Ombros Suportam o Mundo”, de Drummond, e “Metade”, de Oswaldo Montenegro, este último em companhia de Natália Fernanda Freitas, 3ºMO. Vimos Lucas Mapreliam, 3ºMO, segundo colocado, recitar “Amor, Quando se Revela”, de Fernando Pessoa, e pouco depois o seu amoroso “Mare Servus”. Saudamos a terceira colocada, Giordana Anelise Biagini, 3ºTC, por, apesar de sua ausência, ter-nos dado o seu “Ausência” (perdoai-me novamente... sabeis que não resisto a trocadilhos). Premiamos ainda o “Impávido Colosso”, de Juliana Frassei, 2º LV, e “Às Estrelas, esta Musa”, de Arthur Carvalho Santos, 2º LV, respectivamente os textos que ficaram em quarto e quinto colocados. E, na forma de estímulo e agradecimento aos demais poetas, fizemos menção honrosa aos outros três textos inscritos: “As Últimas sobre Você”, de Artenísio Teixeira Leite Jr., 3º MO, “Real Utopia”, de Erick Nunes Garcia, 3º TC, e Jorge Daniel Rebustine Filho, 2º DW – que aqui figuram sem ordem de classificação.
Foram também de incalculável riqueza as participações de alunos que não estavam inscritos no Concurso, mas que estiveram presentes no palco para declamar poemas e cantar uma canção. Deixo aqui meus mais sinceros agradecimentos a Marcela Dantas Alves, do 1ºCL, e aos alunos do 3ºMO, Tamiris Yuri Sakamoto, João Vitor Dantas Alves, Sergio Toshio Watanabe Jr., Beatriz Hadler Boggiani e Bianca Cristina Romão da Cunha – a estas duas últimas reservo ainda um “obrigado” especial, pela mobilização dos colegas e pela prestatividade que me serviram de estímulo quando temi uma solitária entrega de prêmios.
Não posso deixar de enaltecer a participação marcante do professor Carlos, cuja leitura de um soneto de sua própria lavra e de “Beijos Mortos”, de Martins Fontes, fixou entre nós paradigma de interpretação viva e equilibrada; emocionada e comedida.
Dentre tantos momentos ímpares, gostaria de ressaltar um que me pareceu o mais emocionalmente intenso do sarau: a apresentação musical promovida pelos alunos do terceiro ano. Logo após este vosso professor e sua dileta esposa Tati terem cantado “Como Nossos Pais”, de Belchior – canção de sabor amargo, que ressalta a inexorabilidade das obrigações práticas em detrimento dos sonhos juvenis–, os alunos entoaram “Por Enquanto”, de Renato Russo, e espalharam pelo anfiteatro versos como “Mesmo com tantos motivos/Pra deixar tudo como está/Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz/Estamos indo de volta pra casa”. Palavras que reverberaram nas lágrimas de muitos dos espectadores, já que os jovens formandos estavam ali cantando a decisão de quem regressa ao lar, após ter concluído uma etapa importante de sua vida...
Resta-nos esperar que esta escola também se tenha convertido em uma espécie de lar, para o qual, vez por outra, eles desejem voltar...

***

Para terminar este primeiro post, vão-se os derradeiros, e especialíssimos, agradecimentos:
Ao professor Evanir, força motriz deste projeto, que, com seu empenho pela educação e pela cultura, alavancou da inércia um anseio recôndito dos professores de Língua Portuguesa.
À Margaret e à D. Adélia, mulheres que demonstram ter na educação uma meta para suas vidas. Por meio das alegrias, decepções e preocupações que adivinho em seus olhares ou recolho em suas palavras, percebo o tamanho de seus sonhos. Obrigado por me permitirem sonhar junto!

Abraços carinhosos a todos!

Bechara