terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ainda a Barca

Puxa! Li novamente os comentários do último post e pelo visto fez sucesso a proposta de mandar uma galera para os infernos, hein! Até se empolgaram um pouco (e lembrem-se de que eu acho absurdo alguém se empolgar com arte e política)!
Gostei da ideia do dono de ONG, imaginei o vocabulário da criança hi-tech e até gastei um tempo imaginando o diálogo de Marx com o Anjo...

Entra Marx carregando os quatro volumes de O Capital

Marx:
Eu pensei ter desvendado
toda a nossa humana história
ao ter me pronunciado
sobre o tal embate eterno
entre a classe que usa terno
e a outra de mãos calosas.
Mas vejo que me enganei,
pois hoje, aqui no Além,
vejo a barca do cornudo
e a asa do santo anjo
a provar que em meu estudo
e em meu saber, que amo tanto,
houve gravíssimo  engano:
o Deus que a tudo governa
neguei, julguei inventado.
Assumo que estava errado!
Vou-me ao batel do inferno!

Anjo:
Não vás assim tão depressa,
pois tua sede de justiça
e o zelo pelos pequenos
fazem de ti passageiro
não da barca da carniça
mas desta que ao céu se passa!
O erro que cometeste,
quando de ópio me alcunhaste,
era em verdade o desejo
de ver o humano liberto
desse cabresto sobejo
que é  religião de interesse,
em que o templo dos espertos
só vive de contar dízimo
e enganar bondosa messe.
Vem, Marx, entra aqui comigo!
Vem conhecer o teu Pai.
Foi Ele quem inventou
tudo o que tu descobriste!
Foi Ele quem te inspirou
muito do que escreveste!
Pois queria Ele contigo
alertar o povo amigo
do mandamento primaz
de amarmo-nos como iguais!
***

Enfim, os textos de vocês me fizeram pensar! Obrigado!
O único defeito que percebi nos comentários creio que tenha sido motivado por mim...
 Explico-me: hoje li um texto na CartaCapital sobre a vida de Romeu Tuma. Lá não estava o torturador sanguinário; mas, sim, uma espécie de Schindler tupiniquim... exagero da revista ou não, trata-se de uma face pouco conhecida do político brasileiro. Isso me fez perceber que, ao colocarmos pessoas reais na Barca do Inferno, talvez tenhamos realizado um julgamento imperfeito, pois não temos total conhecimento da matéria e não garantimos o direito de defesa ao acusado.  Lembrei-me também da passagem bíblica (Mateus 7, 2) que diz: “Com o juízo com que julgardes, vós também sereis julgado”. Por se tratar da Carta Magna a ser usada pelo Juiz das barcas, achei melhor mudar minha postura. Então vamos lá:
Geisy, desde já peço desculpas por meu julgamento precipitado!
***
Em tempo: Agradeço pela atenção, senhores e senhoritas! Completamos o primeiro mês deste blog com cerca de 520 acessos! Se Brás Cubas imaginou ter cinco ou dez leitores para as suas memórias, minhas expectativas eram ainda inferiores, considerando que o autor deste texto (ainda) está vivo. Com este número de acessos, provamos que há mais almas sensíveis do que o pensamento burguês pode supor!
Abraços!

7 comentários:

  1. "Foi Ele quem inventou
    tudo o que tu descobriste!
    Foi Ele quem te inspirou
    muito do que escreveste!
    Pois queria Ele contigo
    alertar o povo amigo
    do mandamento primaz
    de amarmo-nos como iguais!"
    E o que diriam os ateus sobre tal passagem?
    Acredito que homens sejam muito maiores que esse deus. Quem sabe sejam apenas menores que o "Deus da Bolha" (rs), concorda?
    Desculpa, Becha, precisava implicar com essa questão!!

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  2. Dona Bia, Dona Bia, lá vem a senhorita com essa teoria do Deus da Bolha! Um dia ela merecerá um post! Mas não hoje, que as bolhas de sono estão no meu cérebro a fazer-me declinar do desafio...
    Quanto à sua "implicância", considero-a perfeitamente válida! Alguns ateus me execrariam e tentariam me queimar na fogueira destinada aos fiéis, tal qual foi feito, em outros tempos, com os infiéis. Ainda mais que eu profanei... ops, quer dizer, eu sacralizei um dos pais do materialismo histórico... Mas, enfim, para os ateus toda essa discussão sobre barca do céu ou do inferno é uma grande besteira. Tomara (para eles) que estejam certos e tudo não passe de ficção... caso contrário, há um chifrudo bem engraçadinho esperando por eles...
    Isso me fez lembrar da aposta de Pascal (matemático do século XVII). Você conhece?
    No que vc aposta?
    hehe
    Abraço!

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  3. "E assim, concluiu Pascal, qualquer pessoa sensata deve seguir as leis de Deus.(http://duvida-metodica.blogspot.com/2009/08/explicacao-matematica-da-aposta-de.html)"
    Olha Becha, confesso que não conhecia! Mas agora que sei do que se trata, e tendo por base que não sou nem meio pouco sensata, com certeza aposto na não existência!
    Mas é verdade que fico imaginando a minha morte. Eu, lá no julgamento, sem ninguém ao meu lado. Aí você diria "Dona Bia, Dona Bia, lá vem a senhorita com essa teoria do Deus da Bolha" haha.
    Beijo

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  4. "lá vem a senhorita com essa teoria do Deus da Bolha" IHUAHUA'. A Bia ainda vai criar uma teoria da conspiração. Em absoluto! HAHA.

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  5. Acho que os ateus não se expressariam dessa forma naquela época. Não se atreveriam.

    Eu não acho que Marx deveria ir para a barca do Anjo. Mesmo tendo buscado uma igualdade, propôs a ascensão em absoluto do operário de forma violenta, impondo opiniões e ideias. Acho dispensável a ditadura do proletariado e colocaria-o na barca divina somente se a ideia de igualdade fosse planejada de uma forma que em seu processo também fosse implantado de forma igual.
    Discordo da passagem: "o Deus que a tudo governa
    neguei, julguei inventado.
    Assumo que estava errado!
    Vou-me ao batel do inferno!", pois não consigo elencar seres humanos que estejam dispostos a se entregar ao batel infernal.

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