Não
te esqueças do óbolo
Quanta aversão tenho eu
Á corrupção engulfadora que é a natureza
humana
Quantos males já não fizeste em vida
Que, sem ao menos passarem por tua
conturbada consciência
Passaram a dissolvido azedume que
fervilha em teu sangue pútrido e borbulha
Cujo derramamento vingas e lamentas
Enquanto fugas e covarde o carregas e
ostentas!?
Que te aguarda aqui, meu podre
É uma infinidade pior que a simples
decadência e esquecimento:
Não terás o manto da noite silenciosa
para sanar teu absurdo desconforto,
Não terás seis palmos de solo como
cobertor para combater teu eterno frio.
Não terás teus arrependimentos como
espinhoso travesseiro.
Tampouco como único companheiro um velho
coveiro.
Teu legado não constará nos corações
magoados de tantos;
Nem em destruída lápide, dessacra,
escarrada e derradeira.
Nem mesmo os vermes do submundo
lançar-se-ão sobre teu imundo corpo,
Carregados de enojada fome insaciável e
glutonia pelo podre.
A impureza que rasteja em tuas entranhas
e as revira não dissipar-se-á em fogo fátuo.
Logo, quando o tempo for atemporal e
escorrer etéreo,
O conforto em si escapará de tua
memória, assim como todo e qualquer refrigério,
Aonde vais,
Te aguardará legião de miríades de
incontáveis horrores.
Tua soberba e prepotência serão teus
grilhões,
Tua ganância e avareza, tuas algemas.
Tua profaneidade e calúnia, teu bevor.
E cada um de teus pecados será dentelada
glaive
Empunhada por monstruosidades que virão
a te justificar.
Cada uma de tuas cruéis atrocidades será
afiada presa e garra
Dos leviatãs e bestas que virão a te
fazer pagar.
Pagarás com tuas próprias decompostas
fibras e tóxico sangue
Pela dor que induziu ao couro alheio.
Até a demência de ti enojamento terá,
Enquanto infesta tua maldita mente
amaldiçoada.
O fogo queimará constantemente o antigo
receptáculo de tua alma,
Enquanto o frio incapacitante te tirará
dolorosamente os sentidos e o sono.
Vagarás uma escura terra de
incomensurável horror tamanho
Que nem mesmo o sangue que escorrerá de
teus olhos o impedirá de vê-lo,
Dura penumbra será lar de teu eterno
sofrimento.
Então entrai, mortal!! Adentrai logo o
teu leito.
“Cair desta noite será o último que
verás, isto eu prometo”.
Caron Thanatos
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