quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

2º Lugar: Não te esqueças do óbolo, de Lucas F O. de Oliveira sob o pseudônimo de Caron Thanatos


Não te esqueças do óbolo

 

Quanta aversão tenho eu

Á corrupção engulfadora que é a natureza humana

Quantos males já não fizeste em vida

Que, sem ao menos passarem por tua conturbada consciência

Passaram a dissolvido azedume que fervilha em teu sangue pútrido e borbulha

Cujo derramamento vingas e lamentas

Enquanto fugas e covarde o carregas e ostentas!?

 

Que te aguarda aqui, meu podre

É uma infinidade pior que a simples decadência e esquecimento:

Não terás o manto da noite silenciosa para sanar teu absurdo desconforto,

Não terás seis palmos de solo como cobertor para combater teu eterno frio.

Não terás teus arrependimentos como espinhoso travesseiro.

Tampouco como único companheiro um velho coveiro.

Teu legado não constará nos corações magoados de tantos;

Nem em destruída lápide, dessacra, escarrada e derradeira.

Nem mesmo os vermes do submundo lançar-se-ão sobre teu imundo corpo,

Carregados de enojada fome insaciável e glutonia pelo podre.

A impureza que rasteja em tuas entranhas e as revira não dissipar-se-á em fogo fátuo.

Logo, quando o tempo for atemporal e escorrer etéreo,

O conforto em si escapará de tua memória, assim como todo e qualquer refrigério,

 

Aonde vais,

Te aguardará legião de miríades de incontáveis horrores.

Tua soberba e prepotência serão teus grilhões,

Tua ganância e avareza, tuas algemas.

Tua profaneidade e calúnia, teu bevor.

E cada um de teus pecados será dentelada glaive

Empunhada por monstruosidades que virão a te justificar.

Cada uma de tuas cruéis atrocidades será afiada presa e garra

Dos leviatãs e bestas que virão a te fazer pagar.

Pagarás com tuas próprias decompostas fibras e tóxico sangue

Pela dor que induziu ao couro alheio.

Até a demência de ti enojamento terá,

Enquanto infesta tua maldita mente amaldiçoada.

 

O fogo queimará constantemente o antigo receptáculo de tua alma,

Enquanto o frio incapacitante te tirará dolorosamente os sentidos e o sono.

Vagarás uma escura terra de incomensurável horror tamanho

Que nem mesmo o sangue que escorrerá de teus olhos o impedirá de vê-lo,

Dura penumbra será lar de teu eterno sofrimento.

Então entrai, mortal!! Adentrai logo o teu leito.

“Cair desta noite será o último que verás, isto eu prometo”.

 

 

Caron Thanatos

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