sexta-feira, 30 de março de 2012

1º lugar: Valquíria, de Artur Carvalho Santos sob o pseudônimo de Supernova

Valquíria

Canto I – Paradoxo

Inócua abstração me toca, me move
Assonância de sensações provoca, ilumina
Etérea inspiração retoma e desatina
Sinestesia sincera esparrama e envolve.

Sangrar passivo amor do peito
Atenuar altruísmo triunfal
Que, por contraditório, o fez perfeito
Um legado, destino, herança banal.

Enfim, aprendo e ministro oxímoros
Cálida frieza, errante estrofe em beleza
Colmar infinito relevo por destreza.

Não sei d’onde vem, nem aonde vai
Agradeço, contudo, um mistério absoluto
Que reinou, intocável, em antítese e anacoluto.

Canto II – Noite

Vida, sinistra professora de melancolia;
Abismo arcaico, harpa de fundo
Inefável instante, corre-me o mundo,
Esvazia-se, areia poeril, à revelia.

Procuro a risada, busco um sorriso
Encontro-a calada, trêmula esfinge
Fuligem nos olhos, escarlate narciso
Enigma hipócrita e vermelho me cinge.

Narciso, acordai! Não vês que o procuram?
Pois se és enigma, se estás vil e noturno
Torna-te perspícuo, acessível, diurno.

Reinaste outrora em sinceridade e poesia
Que o extremo sono a calaste, duvido
Já enxergo sob a noite, espero, um ruído.

Canto III- Magnânime

Brado brancas brisas belas!
Enxergo, enfim, diáfano horizonte
Nova, longa e rígida ponte
Conduz-me ao mesmo mar das caravelas.

Acordaste, a curar a besta que sangra
A colher um vigor derramado
Pois o vermelho, instinto deflagra
Diamante bruto a ser lapidado.

Vi anjos caírem, estrelas cessarem
Sob tênue perseverança, esperei ansioso
Manto profundo, cego espectro ocioso.

Recompensado fui, porém,
Posto que, ao ver o dia se acabar, e a noite invadindo
Contemplei o crepúsculo; Era lindo.

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